23 abril 2015

Arco da Rua Augusta - 1ª Parte

Depois de visitarmos catacumbas de Lisboa, tínhamos que visitar céu de Lisboa e decidimos subir até miradouro do Arco da Rua Augusta.

A entrada custa 2,50 Eur, sem qualquer possibilidade de desconto (sim, nós pedimos), mas a resposta é que é uma empresa privada e por isso não há descontos.

O acesso é feito de elevador, mas só até à sala do relógio. Para chegar ao ponto mais alto é necessário subir umas escadas, em caracol, muito apertadas.O sistema de subir e descer escadas está engraçado se as pessoas reparassem que ele está lá para mais do que decoração.




A sério malta se virem uma luzinha encarnada pensem que talvez , mas só talvez isso, signifique que não devem avançar. As escadas são estreitas para 1 pessoa mas para 2 é impossível, a menos que se goste de roça roça na escadaria.

A vista sem duvida que compensa o esforço, de um lado, o Terreiro do Paço, do outro a Rua Augusta e toda a baixa lisboeta.







 No topo do arco temos  a Glória, a coroar o Génio e o Valor.
Mas pobre Glória está quase a ser sodomizada por uma antena.




Fiquei encantada com estas asas porque me fizeram lembrar um dos meus poemas favoritos de Almeida Garrett

  


As Minhas Asas

Eu tinha umas asas brancas,
Asas que um anjo me deu,
Que, em me eu cansando da terra,
Batia-as, voava ao céu.

 — Eram brancas, brancas, brancas,
Como as do anjo que mas deu:
Eu inocente como elas,
Por isso voava ao céu.
Veio a cobiça da terra,
Vinha para me tentar;
Por seus montes de tesouros
Minhas asas não quis dar.

— Veio a ambição, co'as grandezas,
Vinham para mas cortar,
Davam-me poder e glória;
Por nenhum preço as quis dar.

Porque as minhas asas brancas,
Asas que um anjo me deu,
Em me eu cansando da terra,
Batia-as, voava ao céu.

 Mas uma noite sem lua
Que eu contemplava as estrelas,
E já suspenso da terra,
Ia voar para elas,

— Deixei descair os olhos
Do céu alto e das estrelas...
Vi entre a névoa da terra,
Outra luz mais bela que elas.

E as minhas asas brancas,
Asas que um anjo me deu,
Para a terra me pesavam,
Já não se erguiam ao céu.

Cegou-me essas luz funesta
De enfeitiçados amores...
Fatal amor, negra hora
Foi aquela hora de dores!

— Tudo perdi nessa hora
Que provei nos seus amores
O doce fel do deleite,
O acre prazer das dores.

 E as minhas asas brancas,
Asas que um anjo me deu,
Pena a pena me caíram...
Nunca mais voei ao céu.



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